É o nome de um projecto de homenagem a José Carlos Ary dos Santos que conta com as vozes de Mafalda Arnauth, Viviane, Susana Félix e Luanda Cozetti e com a participação de vários músicos como João Cabrita e Nuno Espírito Santo, entre outros. Lançaram um disco com o mesmo nome do projecto que me surpreendeu bastante e que, na minha opinião, vale bastante a pena. Agora espero que se façam à estrada para que os possa ver ao vivo.
O disco tem músicas que eu já conhecia e que me são muito queridas como a Estrela da Tarde ou a Cavalo à Solta. Mas esta música, este poema e esta interpretação da Susana Félix assaltou-me assim que a ouvi pela primeira vez. Aqui fica, Canção de Madrugar de Ary dos Santos.
De linho te vesti
De nardos te enfeitei
Amor que nunca vi
Mas sei
Sei dos teus olhos acesos na noite
Sinais de bem despertar
Sei dos teus braços abertos a todos
Que morrem devagar
Sei meu amor inventado que um dia
Teu corpo pode acender
Uma fogueira de sol e de fúria
Que nos verá nascer
Irei beber em ti
O vinho que pisei
O fel do que sofri e dei
Dei do meu corpo um chicote de força
Rasei meus olhos com água
Dei do meu sangue uma espada de raiva
E uma lança de mágoa
Dei do meu sonho uma corda de insónias
Cravei meus braços com setas
Descobri rosas, alarguei cidades
E construí poetas
E nunca te encontrei
Na estrada do que fiz
Amor que não logrei
Mas quis
Sei meu amor inventado que um dia
Teu corpo há-de acender
Uma fogueira de sol e de fúria
Que nos verá nascer
Então:
Nem choros, nem medos, nem uivos, nem gritos,
Nem pedras, nem facas, nem fomes, nem secas,
Nem feras, nem ferros, nem farpas, nem farsas,
Nem forcas, nem cardos, nem dardos, nem terras,
Nem choros, nem medos, nem uivos, nem gritos,
Nem pedras, nem facas, nem fomes, nem secas,
Nem feras, nem ferros, nem farpas, nem farsas
Nem mal
Letra: José Carlos Ary dos Santos
Música: Nuno Nazareth Fernandes